quinta-feira, 1 de maio de 2008

tenho uma instabilidade tão poética:

ser iludido por si,
fazer o possível para não pisar em insetos,
ouvir Beethoven numa tempestade de trovões percursivos,
tentar fazer a pedrinha quicar mais de três vezes na água,
lutar contra alguém com dois metros e quase duzentos quilos,
tendo um e setenta a cinco e sessenta e nove,
querer voar,
berrar num precipício da floresta da Tijuca em direção aos prédios,
causar terror psicológico,
pintar usando o corpo como pincel,
ter crises de soluços causadas por conhaque,
dar saltos com rolamento e uma boa companhia,
conhecer as pessoas pelo gestual e/ou pela voz,
cagar pra uma provável érnia de disco nos fins de semana,
resolver ser dançarino aos 26,
estar sempre gordo, mesmo vendo as costelas,
negar paixões,
detestar as próprias músicas,
ter dores de cabeça de três dias,
modelar o impácto com mãos flexíveis e argila 'semi-seca',
tirar proveito dos maços alheios,
dar três pontos na assinatura,
sentir preguiça,
tirar os óculos para ver o mundo a la Monet,
matar um Amor no dia do aniversário,
chutar o melhor amigo,
ter prisão de ventre,
sofrer recluso,
trair para sentir falta e não trair mais,
comer a bala que caiu no chão,
iniciar movimentos para saltos de lugares altos,
comportar-se mal com pessoas bonitas,
ser vagaroso,
gostar de John Lennon e Black Box Recorder ao mesmo tempo,
desdobrar,
iniciar relacionamentos sérios por tédio,
buscar um traço leve,
levar dois socos e pedir o terceiro,
nadar de olhos fechados em direção ao outro lado do oceano atlântico,
evitar pães,
correr na beira do teto de alguma construção,
pular de mais de cinco metros, ou do ponto mais alto do sorriso do balanço, ou no maomao,
ter como exemplo de virtuosismo os cães,
tentar imitar vozes,
comer por obrigação,
não chorar nunca.

Um comentário:

Unknown disse...

estabilidade demais pode anestesiar, a instabilidade movimenta.