terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Poema de vinte e cinco de fevereiro de dois mil e catorze

A ilusão de vivenciar a paz
em alguns momentos do dia
já não me consola mais.
Sei que alguém vem.

A conciência de que não
estou aqui para ser
ouvido, mas para soar em vão,
é meu amém.

Compreensivo que é
Morfeu tenta me deixar só,
porém de seus etérios domínios
não se nota inútil:

Hoje não durmo
e me demoro a perceber
que perco tempo em tentar,

boa companhia
que para si não sou,
acabo por escolher alguma outra
em dias assim.

E ele parece revoltar-se
e envolver-me em ônibus,
trens, a permitir que me levem
os objetos ainda não pagos.

Tais dias têm-me ocorrido
em tic e em tac,
lentamente,
dia tic,
dia tac,
sem síncope,
tic,
tac...

Uma das piores coisas tem sido
não conseguir ficar só,
nem na praça,
nem na calçada,
no bar,
ou em qualquer dos meus víveres geográficos,

pois a simples expectativa
da volta à tal casa,
que lar não é,
já me coloca na companhia de alguém...

dum...
duma
Duna
que um dia,
pelo vento
ou pelo saque,
revelará o sepulcro
de um negro rei,

que ao ser violado
permitirá a entrada do sol,
por um sutil feixe,

até uma tés.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Zoo-mbie

Paralisado frente a um e-mail enviado 16/01/09 por Z.

"ninguém o pode aconselhar ou ajudar, - ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? (...) se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade".


Rilke, Rainer Maria

Paralisia ao confirmar que "dê um jeito de calar os mortos", de Ana, é para mim uma ordem e uma exclusão:
Animal, tremo frente a imposição moral de calar meus instintos enquanto ela, ausente, inexistente

por opção

morta, grita o pretérito tão constante quanto a inexistência do tempo
em minha alma
(única capaz de realmente tocá-la que é)
como se passeasse
dançando suavemente
sobre meu gelo
com suas
amoladas
lâminas.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Vamos alugar um canto

(D7+ C7+ (G))
vamos alugar um canto
e termos um só lugar
um canto de acalanto
faria bem ao nosso lidar
merecemos ter descanso
do que nos incomoda
por isso quero ter um canto
nada mais me importa

(Bm Em Bm Em A)
que desse imenso ninho nasça uma alegria a mais
e nessa nossa nova casa que ela seja a plena paz

(D7+ C7+ (G))
vamos alugar um canto
se der eu canto pra nos sustentar
vamos produzir tanto

que lugar, um encanto,
cuja medida é a gente se encantar
quero ter um canto
para contigo compartilhar

(Bm Em Bm Em A)
que desse imenso ninho nasça uma virtude a mais
e nessa nossa nova casa que ela seja a plena paz
(G Gm D7+ D7° E7 E7/F# G Gm)
pois sempre que te vejo necessito de ver mais
pois sempre te desejo como quem jamais

(D7+ C7+ (G))
vamos alugar um canto
canto para mim e para ti
vamos arranjar um canto
e partir.

(Bm Em Bm Em A)
que desse imenso ninho nasça uma alegria a mais
e nessa nossa nova casa que ela seja a plena paz
(G Gm D7+ D7° E7 E7/F# G Gm)
pois sempre que te vejo necessito de ver mais
sei que te desejo como alguém jamais

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sem sabor

(C7+ D7° Dm7 G G7) G7
faça do teu espaço um céu
que o meu não por acaso é só porvir
e do teu beijo um mel
no qual o meu unami não possa intervir

(Am7 Am7+ F Fm Em Dm7 E7 B° G)
sempre há um novo depois
ou deveria assim funcionar na lógica

(Am Am7+ Am7 F E E7/G#)
que lógica nos rege
se o ponto que nos fere é ser?

(C7+ D7° Dm G G7) G7
conte com teus amigos meus
que eles não por acaso estão aí
sobrou-me o breu e o breu
é o que eu preciso pra não me iludir

(Am7 Am7+ F Fm Em Dm7 E7 B° G)
sempre há um novo depois
ou deveria assim funcionar a lógica, não?

(Am Am7+ Am7 F E E7/G#)
mas lógica aqui serve
a quem prefere ser

(C Fm)
sem sabor

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Não deixo a vida me levar

(Am E D Am Am E D)
A espera resulta numa avaliação
mais intrínseca do que se faz questão
e assim desnudam-se dados além da compreensão
que se obtêm após a interrogação.

Que lógica há em reclamar cotidianos
que se estendem vazios por anos e anos.
Reclamando assim, com duplo-sentido, lembramos
do lugar que por acaso habitamos.

(B D7 E E7)
Não, não! Não deixo a vida me levar
se ela conclusivamente não sabe me agradar.

(Am E D Am Am E D)
A que mecanismo eu me adequei
se o que todos nascem sabendo eu não sei?
E falto às obrigações, pra tomar banho em vulcões,
meu hobbie é ser serial killer de reis.

O meu destino é me destinar
não ao destino que o destino me destina
mas a um destino indelével que está sempre a distar
do que destino é e de como se dista.

(B D7 E E7)
Não, não! Não deixo a vida me levar
se ela conclusivamente não sabe me agradar.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Jimi

(Am E C7 F G# Am E C7 F Fm)
aways looking smaller than he really was
Jimi used to say it's fine
at the point they didn't wait from him a big number
or efforts to be another hype

(Em Am D7 G E7/G# Am E7 Bb7 F Fm Am)
due to his shyness
and the reasonings he builds up to mask
that what he wants, instead
of being social lame, is to last as genius

(Am E C7 F G# Am E C7 F Fm)
Jimi listened to lots of jokes about his name
and fearing not to fill up their blanks
he decided to be the best there was without waiting for fame
but just a sincere thanks

(Em Am D7 G E7/G# Am E7 Bb7 F Fm Am)
due to his shyness
and the reasonings he builds up to mask
that what he wants, instead
of being social lame, is to last as lover

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Que é Tudo

(A#* A* F* F***)


Donde descem os olhos,

Desde topo ao botão,

Desde a pompa à humildade

Donde o této é o chão.



(C7+ G/B C7+ G/B C7+ G/B G Em****)

Percebo-te aprumar

Sem complementação.

Alio teu julgar

À minha percepção.



*Corda Sol

** Cordas Sol e Ré

*** Corda Ré

**** Só o bordão